Resumo do projecto
INTRODUÇÃO
A avaliação da gravidade da doença
é essencial para um variado leque de análises em Unidades de Cuidados
Intensivos (UCI), incluindo a avaliação da qualidade, estratificação de
gravidade em estudos clínicos e estudos sobre a gestão e utilização de
recursos em UCI. Actualmente são utilizados diversos índices para a
estratificação da gravidade da doença em doentes hospitalizados em UCI,
recorrendo a modelos probabilísticos para predição do risco individual de
mortalidade (ex. APACHE II, SAPS II, CRIB, PRISM, PIM).
Apesar de terem sido desenvolvidos Ìndices especÌficos para populações pediátricas,
tais como o "Pediatric Risk of Mortality" (PRISM e PRISM-III) (1 2) e
o "Paediatric Index of Mortality" (PIM) (3), nenhum deles foi ainda
validado para utilização nas unidades de Cuidados Intensivos Pediátricos (CIP)
Portuguesas. O PRISM e PRISM-III, por exemplo, foram obtidos utilizando uma
amostra de doentes dos EUA, existindo dados contraditórios sobre a sua aplicação
noutras populações (4 5 6).
Além da incerteza acerca da acuidade dos diferentes índices de predição de
morte, a qual È um evento raro após a admissão em CIP, existe ainda a
preocupação de que os cuidados intensivos conservem vivos doentes com grande
incapacidade do ponto de vista funcional e por prolongados perÌodos de tempo.
Assim, a morbilidade pode ser mais relevante do que a mortalidade para a comparação
da eficácia terapêutica entre grupos de doentes submetidos a CIP e a esperança
de vida dos sobreviventes pode minimizar o impacto da morbilidade nas crianças
sujeitas a CIP.
O presente estudo pretende avaliar e optimizar a utilização do PRISM, PRISM-II
e PIM na predição do risco de mortalidade nas unidades de CIP Portuguesas e,
em colaboração com uma equipa de investigadores que está a realizar o mesmo
estudo no Reino Unido (UK PICOS research team), desenvolver um modelo de avaliação
e estratificação da gravidade da doença baseado no estado de saúde medido
seis meses após a admissão numa unidade de CIP.
MÉTODOS
Os dados relativos aos factores de
risco e à sobrevivência serão recolhidos para todas as crianças admitidas em
três unidades de CIP Portuguesas durante um período de dois anos e meio
(estimando-se cerca de 2000 crianças, com base nos anos anteriores). Os dados
incluirão todas as variáveis necessárias para o cálculo do PRISM, PRISM-III
e PIM. O estado de saúde 6 meses após o internamento em CIP será avaliado
através de um questionário ("Health Utility Index - HUI II) que será
fornecido aos pais das crianças hospitalizadas em unidade de CIP, em duas ocasiões.
O primeiro, o mais próximo possível da hora de admissão, assim que o médico
assistente da criança considere adequado, reportar-se-á ao estado de saúde
imediatamente antes do acontecimento que originou a hospitalização. O segundo,
seis meses após a data de hospitalização em unidade de CIP, a todos os pais
de crianças sobreviventes, reportar-se-á ao estado de saúde nesse momento.
Uma aplicação informática, com acesso através da Internet, será
especificamente desenvolvida para registar, centralizar e homogeneizar os dados
provenientes das várias unidade de CIP envolvidas.
RESULTADOS ESPERADOS
Os resultados deste projecto permitirão
um conhecimento mais profundo da realidade dos cuidados intensivos pediátricos
no nosso paÌs e uma base de dados extremamente importante para o
desenvolvimento de investigação mais exacta nesta área.